Sistemática

A classificação sistemática organiza minerais em classes com base na composição química e, para as subclasses dos silicatos, na estrutura cristalina de cada espécie. A consideração de tais características implica no agrupamento de minerais com características físico-químicas semelhantes entre si, além de, por vezes, representar associações em termos de ambiente ou processo de formação, atribuindo significado científico na estruturação do acervo.

  • 1. Elementos

    Minerais no estado nativo, isto é, compostos por apenas um elemento (metais, semimetais e ametais), com exceção dos metais, tendo em vista que ligas metálicas também estão inseridas nessa classe. Ouro (Au) e diamante (C) são exemplos dessa classe, sendo duas das substâncias naturais de maior apreço histórico pela humanidade.

  • 2. Sulfetos e Sulfossais

    Minerais compostos pelo ânion sulfeto (S2-) em combinação com metais ou semimetais, sem oxigênio. Muitos dos minerais de maior importância econômica estão incluidos nessa classe, como a calcopirita (CuFeS2) - fonte de cobre - e a galena (PbS) - fonte de chumbo.

  • 3. Halóides

    Minerais compostos pelo ânion cloreto (Cl-), brometo (Br-), fluoreto (F-) ou iodeto (I-). Uma característica dos halóides é a aparência não-metálica dos espécimes. A fluorita (CaF2) e a halita (NaCl) são os representantes mais conhecidos, e ambos são de grande relevância para a vida cotidiana: o primeiro é responsável por muitos casos de níveis prejudiciais à saúde de fluoreto em aquíferos, enquanto o segundo é a versão mineralógica do sal de cozinha.

  • 4. Óxidos e Hidróxidos

    Minerais compostos pelo ânion óxido (O2-) ou hidróxido (OH-), associados geralmente a metais, mas também associam-se a semimetais e a ametais. Dois exemplos conhecidos são a magnetita (Fe2+Fe3+2O) e o coríndon (Al2O3). O último pode ocorrer como as variedades gemológicas rubi ou safira, de coloração vermelhal ou azul, respectivamente, devido à presença de impurezas de certos elementos químicos na estutura cristalina.

  • 5. Carbonatos e Nitratos

    Minerais compostos pelo ânion carbonato [(CO3)2-] ou nitrato [(NO3)-], em combinação com cátions como cálcio, potássio e sódio. Calcita (CaCO3) é a espécie mais famoso do grupo, que também é representado por azurita [Cu3(CO3)2(OH)2], malaquita [Cu2(CO3)(OH)2] e rodocrosita [Mn(CO3)], carbonatos de coloração azul, verde e rosa a vermelha, respectivamente.

  • 6. Boratos

    Minerais compostos pelo ânion borato [(BO3)3-], em estruturas complexas, como anéis e cadeias. É o grupo mais incomum, seja em termos de desconhecimento de espécies ou por ambiente de formação inusual, em que o bórax [Na2B4O5(OH)4·8H2O] é um dos exemplos.

  • 7. Sulfatos

    Minerais compostos pelo ânion sulfato [(SO4)2-], e também por representantes que contém os ânions (CrO4)2-, (MoO4)2- e (WO4)2-. Caracterizam-se por aparência não-metálica. Barita (BaSO4) e gipso (CaSO4·2H2O) são exemplos de grande relevância em coleções minerais ao redor do mundo, por causa de espécimes com destaque em cristalização, transparência e brilho.

  • 8. Fosfatos, Arsenatos e Vanadatos

    Minerais compostos pelo ânion fosfato [(PO4)3-], arsenato [(AsO4)3-] ou vanadato [(VO4)3-], juntamente a água, hidroxila ou halógenos. São de aparência não-metálica, caracteristicamente exibindo cristais de cores vivas variadas. A fluorapatita [Ca5(PO4)3F] é o representante mais conhecido. Outro membro é a autunita [Ca(UO2)2(PO4)32·10-12H2O], um mineral radioativo, que forma cristais de cores verdes a amarelas intensas, exibindo uma forte fluorescência quando exposto à radiação ultravioleta, e faz parte de um grande número de acervos mineralógicos.

  • 9. Silicatos

    Minerais compostos por silício e oxigênio [que combinados formam tetraedros de sílica - (SiO4)4-]. Representam apoximadamente 80% do volume crustal da Terra. Fazem parte dessa classe o quartzo (SiO2) e o grupo dos feldspatos, que são os constituintes mais importantes na maioria dos tipos de rochas, bem como minerais muito conhecidos, como o berilo (Be3Al2Si6O18) e topázio (Al2SiO4F2), e também os grupos das micas, das turmalinas e das granadas.

  • 9a. Nesossilicatos

    Minerais em que os tetraedros de sílica estão isolados entre si, sem compartilhamento de oxigênio entre si. O grupo das granadas e o topázio (Al2SiO4F2) fazem parte dessa subclasse. As granadas, em razão de variadas composições químicas, exibem uma grande diversidade de colorações, em que um dos destaques é a variedade tsavorita da espécie grossulária [Ca3Al2(SiO4)3], exibindo uma intensa coloração verde. O topázio, também diverso, apresenta-se nas cores azul, incolor e amarelo, além de, na variedade denomnada de topázio imperial, tons laranjas, vermelhos ou rosas.

  • 9b. Sorossilicatos

    Minerais em que apenas um dos oxigênios de cada tetraedro de sílica é compartilhado com outros tetraedros, formando estruturas de combinação em duplas. O grupo do epidoto pertence a essa subclasse, em que a espécie de mesmo nome, o epidoto {Ca2(Al22Fe3+)[Si2O7][SiO4]O(OH)}, e também a zoisita Ca2Al3[Si2O7][SiO4]O(OH) (famosa por sua variedade de coloração azul a violeta, a tanzanita) são membros.

  • 9c. Ciclossilicatos

    Minerais em que dois dos oxigênios de cada tetraedro de sílica são compartilhados com outros tetraedros, formando estruturas cíclicas, ou em anel. Nessa classe estão inseridos o berilo (Be3Al2Si6O18), com suas variedades esmeralda, água-marinha, heliodoro, morganita, goshenita e berilo vermelho, de coloração verde, azul, amarela, incolor, rosa e vermelha, respectivamente. O grupo da turmalina também faz parte, em que a espécie elbaíta [Na(Al1.5Li1.5)Al6(Si6O18)(BO3)3(OH)3(OH)] é um dos minerais de maior estética, podendo mostrar as mais variadas cores, em cristais prismáticos de grandes dimensões.

  • 9d. Inossilicatos

    Minerais em que dois dos oxigênios de cada tetraedro de sílica são compartilhados com outros tetraedros, formando estruturas lineares em cadeias simples, ou com o compartilhamento de mais um dos vértices entre cada cadeia, compondo cadeias duplas. Os grupos do piroxênio e do anfibólio, importantes minerais formadores de um grande número de rochas, são os integrantes mais reconhecidos. No quesito de espécimes de coleção, destaca-se o espodumêmio (LiAlSi2O6), membro dos piroxênios, pois pode ocorrer como cristais de grandes dimensões com alta transparência, em tons rosados (denominado de kunzita) ou em tons esverdeados (denominado de hiddenita).

  • 9e. Filossilicatos

    Minerais em que três dos oxigênios de cada tetraedro de sílica são compartilhados com outros tetraedros, formando estruturas planares. O representante mais relevante é o grupo das micas, um dos constituintes mais abundantes nas rochas da crosta terrestre. Desse grupo, a muscovita [KAl2(Si3Al)O10(OH)] é a mais comum, com ocorrência generalizada em muitas rochas com quartzo e o grupo do feldspato. Uma curiosidade desse mineral é a origem do nome, que tem ligação à cidade de Moscou, tendo sido utilizado naquela região no passado como substituto de vidro em revestimentos.

  • 9f. Tectossilicatos

    Minerais em que todos os quatro oxigênios de cada tetraedro de sílica são compartilhados com outros tetraedros, formando estruturas em arranjos tridimensionais. O quartzo (SiO2) e o grupo dos feldspatos, as espécies mais abundantes nas rochas crustais, são os integrantes de maior fama, além de integrarem praticamente qualquer acervo mineralógico, iniciante ou experiente.

  • 10. Mineralóides

    Substâncias naturais com estrutura cristalina limitada ou inexistente, podendo apresentar composição química indefinida.

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